Sem categoria

“A literatura é um campo de confluência de saberes”

By fevereiro 27, 2018 No Comments

Por Nathália Coelho

É possível encarar a Literatura como uma potente janela para se pensar a sociedade contemporânea, mesmo que o espaço ocupado por essa arte no Brasil seja menor que outras vertentes culturais. A reflexão é de Miguel Jost Ramos, Prof. Dr. da PUC/Rio e um dos convidados do I Seminário Internacional de Epistemologia do Romance, realizado na Universidade de Brasília em novembro de 2017.

Em entrevista ao Grupo de Pesquisa, Jost Ramos comenta que a Literatura não pode ser disciplinarizada; e mais, revela uma confluência de diversos saberes das áreas de humanas. Para o professor, a escrita é um espaço de infinitas possibilidades a serem exploradas, sobretudo pela academia. “Tem muita coisa ainda que a gente pode trazer à tona para ajudar a pensar imagens do Brasil, que são necessárias de serem debatidas”, explica.
Fazer emergir estudos acerca de autores pouco pesquisados é um dos pontos de originalidade da Epistemologia do Romance, na visão de Jost Ramos. Por isso a importância da produção de Congressos e Seminários que consigam mostrar a cadeia de trabalhos dos membros. “Eu acho fundamental eventos como esse, que dão visibilidade de grupos de pesquisa possuidores de um processo permanente de diálogo”, ressalta.
Com o intuito da partilha, o professor Miguel trouxe, em sua palestra, parte de um estudo sobre os conceitos de Dialética da Malandragem de Antônio Cândido e Dialética da Marginalidade, de João César Castro Rocha. A pesquisa pretende compreender como a Literatura brasileira sai da ideia de um campo “conciliador” das profundas contradições sociais para um espaço que revela os conflitos.
“O prof. João acaba apresentando uma perspectiva determinante da produção cultural contemporânea, uma emergência de vozes que não se sentiram tão confortáveis nessa expectativa de um futuro utópico, multicultural, harmonioso e queriam dizer sim sobre a incapacidade do Brasil de superar determinadas mazelas que formaram nossa história, nossa sociedade”, explica.
Para finalizar, o pesquisador ainda conta a experiência da “Festa Literária Internacional das Periferias”, circuito de eventos diversos que tem descoberto novos nomes de autores até então à margem.
Confira a entrevista!


Sobre Miguel Jost Ramos

Mestre e Doutor em Estudos de Literatura pela PUC/Rio, também atua como professor da mesma instituição. Atualmente conduz a pesquisa de Pós-Doutorado “Coletivos de Cultura: Uma experiência de políticas do comum na cidade do Rio de Janeiro”, com duração de cinco anos. É membro desde 2016 do Grupo de pesquisa Textualidades Contemporâneas: Processos de Hibridação que é liderado pela Universidade de Brasília. Já escreveu vários prefácios, é pesquisador musical e possui experiência nas áreas de Literatura e Sociologia, com ênfase em Literatura Brasileira, Música Popular, Políticas Públicas de Cultura e Produção Cultural Contemporânea.