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Zeitgeist e literatura, pensamento mágico e exposição artística encerram o último dia do seminário

por Nathália Coelho e Sara Lelis
O último dia do II Seminário Nacional de Epistemologia do Romance: o estético como espaço de entendimento do humano ocorreu nessa sexta (09) e contou com mais duas mesas de comunicações, a segunda parte do minicurso da profa. Dra. Florence Dravet, lançamento de livros e exposição artística. 
Pela manhã, a mesa coordenada pelo doutorando em Literatura Lucas Fernando, “Zeitgeist: A relação da Literatura com o próprio Tempo”, tratou do espírito de época retratado pela literatura através de José Saramago, Hermann Broch, e a possibilidade de resgate do Romantismo Alemão para se pensar a experiência histórica atual. A mesa foi composta pelos comunicadores Lucas Fernando, José Willem Carneiro (PPGHis) e Emanuelle Souza (PPGm). 
José Willem, com a comunicação “A experiência histórica no Romantismo Alemão”, abordou uma perspectiva incomum no campo da História ao propor a forma romântica alemã de se relacionar com o tempo e, por conseguinte, escrever a história.

Ele afirmou que a objetividade no tratamento histórico e historiográfico ainda impera nessa área do conhecimento e que o Romantismo Alemão figura como possibilidade de diluir a escrita e a cronologia demarcadas e a perspectiva newtoniana de tempo.

Já a mestranda Emanuelle Souza, com a comunicação “O espírito de época da decadência dos valores” abordou um novo ponto de sua dissertação ao apresentar uma outra forma de estética a partir dos valores humanos e morais propostos pela obra “Os Sonâmbulos”, de Hermann Broch. “A arte é um espaço livre que pode ser mais verdadeiro que a filosofia, pois ela capta o espírito e o espírito de época”, afirma a mestranda.

Na comunicação “Ontologia do presente na Literatura de José Saramago”, de Lucas Fernando, o doutorando apresentou a importância da obra de Saramago para se pensar o nosso presente. Ele afirmou que há cinco características na obra do autor português responsáveis pela reflexão, dentre as quais se destaca a linguagem cuja “índole é crítica, reflexiva, ética e filosófica”. 


No período da tarde, a doutoranda Denise Moreira Santana coordenou a mesa “Espaços Epistemológicos do Romance” com a presença da mestranda da UnB, Priscila Cavalcante e a mestranda Habia Santos de Melo, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

Denise apresentou a comunicação “O gesto estético de Carlos Fuentes e a construção dos espaços em Terra Nostra”. A doutoranda estabeleceu uma análise comparativa do romance com diversos quadros, como  “as Meninas” (1656) de Diego Velázquez, À luz dos apontamentos epistemológicos de Michel Foucault, Denise explicou como romance e pintura acabam chegando à reflexões similares sobre o lugar do artista/escritor que vive e pensa o presente de dentro. 

Já a mestranda Priscila Cavalcante promoveu uma comunicação sobre o processo criativo da própria pesquisadora de construção de sua dissertação, evidenciando os caminhos que a levaram a decidir estudar a personagem Úrsula em Cem anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez. Por meio de um olhar epistemológico, Priscila mostrou como a construção do personagem pode dialogar com outros personagens de romances diversos do mesmo autor. 

Habia Santos de Melo intitulou sua fala como “Percepções Estéticas da pintura Corporal da Comunidade Indígena dos Awaeté Parakanã no sudeste paraense”. Com um trabalho voltado para o estudo da cultura e identidade desses povos indígenas em específico, Habia apresentou um vídeo sobre como os povos foram encontrados, sobrevivem hoje e convivem com as diferenças na região. A mestranda também explicou sobre seus rituais, o papel feminino na tribo e o modo como a pintura está imbricada em todo um modo de ser dos Awaetés.

Logo em seguida, a professora Florence Dravet (UCB) ministrou o segundo dia do minicurso “Metafísica da Umbanda e pensamento mágico: aproximações”. Desta vez, a professora norteou alguns aspectos do “pensamento mágico”, ao explicar como opera a lógica do conhecimento adquirido pela sensibilidade, por outras vias que não são as científicas, mas que são válidas para o desenvolvimento humano tanto quanto o conhecimento dito racional. Dravet fez uma comparação do pensamento mágico xamãs, pajés e da Umbanda com o dos artistas e poetas. Cada um à sua maneira, podem se configurar vias de acesso ao mágico da vida.

A noite do seminário foi marcada pelos lançamentos de livros da profa. e poeta Ana Helena Rossi, éternels chemins éphémères (2018), e pelo trabalho da artista Morgana Poiesis, da Universidade Federal de Goiás (UFG). As duas compuseram a roda de conversa com o artista Fred Chaves, autor do trabalho “Cartografa artística: a doença imagem”, que ficou exposto durante todo o dia. Um dos principais assuntos abordados foram o processo criativo dos artistas e sua relação com a recepção crítica tendo em vista a potência dos trabalhos de cada um.

E você que participou com ouvinte e esteve nos minicursos, fique atento ao seu e-mail, pois os certificados serão enviados nos próximos dias. Para os comunicadores das mesas e conferencistas, o prazo para o envio do artigo completo das apresentações é 16 de novembro, pelo e-mail [email protected]