Diálogos estéticos entre Tunga e Roberto Piva pela ótica da epistemologia do romance

Por Raiany Carvalho dos Anjos, sob orientação de Ana Paula Caixeta

Resumo: Este trabalho teve por objetivo articular uma pesquisa estética-comparativa entre as narrativas ficcionais do artista plástico Tunga (1952 — 2016) e os poemas de Roberto Piva (1937 – 2010) sob a ótica da Teoria da Epistemologia do Romance. Toma-se como eixo de análise e reflexão os estudos estéticos, ao buscar evidenciar as similaridades entre os autores, tomando como ponto de partida o que ambos possuem em comum – textos que confrontam os limites e as fronteiras com o real. Através do gesto filosófico e do jogo interpretativo que o leitor-pesquisador cria ao articular a pergunta de conhecimento kantiana “o que posso saber’’? Busca-se promover um
encontro poético entre estes dois artistas contemporâneos. As propostas de análise rodeiam as narrativas ficcionais das obras Eixo Exógenos (2000) e Xifópagas Capilares (1984) de Tunga, assim como os poemas contidos nos livros de obras reunidas de Roberto Piva, os Estranhos Sinais de Saturno (2008) e Um estrangeiro na legião (2011). A fim de fruir e enunciar o eixo epistemológico das obras e dos artistas.

O liso, o branco e o polido em Brasília: perspectivas a partir da Epistemologia do Romance

Por Marcella Souza Paes, sob orientação de Ana Paula Caixeta

Resumo: A proposta desta pesquisa tratou de investigar imageticamente a cidade de Brasília a partir da concepção de liso e polido proposta pelo autor Byung-Chul Han, que por sua vez evidencia um problema social. A metodologia está amparada nos estudos da Epistemologia do Romance (ER) e do seu conceito de leitor-pesquisador e leitor perverso e foram utilizadas obras selecionadas sobre a construção e história de Brasília que possibilitaram uma breve discussão a respeito da estética da positividade que se alinha à higienização organizada na cidade, sob o manto do branco e do puro ou do liso e do polido.

Práticas de leitura a partir da Epistemologia do Romance: relato de experiência em monitoria

Por Nathália Coelho da Silva e Denise Moreira Santana

Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre práticas de leitura literária romanesca, conduzidas a partir do estudo de elementos d a teoria complexa Epistemologia do Romance, em turma de graduação da disciplina Ideias Filosóficas em Forma Literária (IFFL), ministrada pelo professor Wilton Barroso Filho no 1º Semestre de 2017, na Universidade de Brasília (UnB). A monitoria foi delegada às autoras deste artigo, mestrandas à época. O relato de experiência se dá pela avaliação de alunos que se destacaram no exercício de análise literária de dois romances: Uma Duas, de Eliane Brum e Aura, de Carlos Fuentes. Durante os encontros, foi pedido aos estudantes três leituras – no processo de repetição – dos referidos textos. A cada leitura, foi aplicada uma avaliação teórica de caráter subjetivo e o aluno precisou responder “O que eu posso saber sobre esses livros?” fazendo-o por meio da elaboração de um texto. Nesse sentido, foi observado níveis de compreensão e pensamento crítico, para além de uma leitura de simples entretenimento, evidenciados a partir de três aspectos norteadores: o papel do leitorpesquisador, o seu gesto hermenêutico pelo serio ludere e o modo como a educação estética pode ajudar o leitor na busca de conhecimento humano na Literatura.

Eu escolho a merda: o modernismo coprofágico de Glauco Mattoso

Por Ana Paula Aparecida Caixeta

Resumo: Marcado por um desenvolvimento cultural e de arte de vanguarda, o século XX é tido como um período histórico de representações estéticas e confrontos éticos, especialmente por ter sido o palco de duas grandes guerras. Nas primeiras décadas, o cenário artístico brasileiro, atento às experimentações de linguagens plurais, construiria um espaço de atitudes estéticas que consolidaram sua história da arte e da literatura. O Modernismo brasileiro, décadas depois de sua estratégia cultural em 1922, fez emergir um de seus filhos mais dissonantes: Glauco Mattoso (1951-). Assumidamente o “enfant terrible de Oswald de Andrade” (MATTOSO, 2001, p. 4), o artista paulistano circulou junto aos marginais setentistas e ocupou lugar de relevância com a complexidade poética do Jornal Dobrabil. Considerando sua trajetória escatológica junto à arte brasileira entre 1970 e 1980, este texto intenciona discutir o projeto estético de Glauco Mattoso, observado a partir da releitura que o autor faz da antropofagia oswaldiana: a coprofagia.

O Kitsch na Epistemologia do Romance

Por Lucas Fernando Gonçalves

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar o conceito de kitsch como conceito estético e ontológico na perspectiva teórica da Epistemologia do Romance. Para a Epistemologia do Romance, a palavra kitsch é associada ao pensamento de Milan Kundera acerca do que ele chama de necessidade da mentira embelezante para satisfação de si. A Epistemologia do Romance ampara-se à ideia kunderiana de ocultação da “merda” como um ideal estético do ser em que o kitsch, como forma estética da negação de questões da condição humana, lida com aquilo que Hermann Broch define como ausência de reflexão ética no contexto da estética, fomentado pela necessidade do efeito estético agradável. Para a Epistemologia do Romance, o kitsch é a forma estética do idílio. Buscando assim uma falsa beleza e harmonia que trouxesse uma sensação de paz e fim da tragédia.

A sabedoria da incerteza como o espírito do romance em Milan Kundera

Por Herisson Cardoso Fernandes

Resumo: Para o romancista tcheco Milan Kundera há coisas que apenas o romance pode dizer. Isso significa que o romance pode alcançar reflexões acerca da condição humana inacessíveis a outros campos do conhecimento, como às ciências. Nesse sentido, o escritor estabelece como um dos fundamentos da arte romanesca a noção de uma sabedoria da incerteza, da qual trataremos brevemente neste artigo, à luz de reflexões propiciadas pela Epistemologia do romance.

Tradutor: um leitor pesquisador

Por Sara Lelis de Oliveira

Resumo: Neste trabalho, relaciona-se o tradutor com o sujeito que apreende e articula conhecimentos presentes na obra literária: o leitor-pesquisador. Resultante das reflexões da Epistemologia do Romance, o leitor-pesquisador posiciona-se de maneira diferenciada diante do texto devido à sua tarefa epistemológica. A tarefa do tradutor, na perspectiva de Walter Benjamin, consiste em uma passagem formuladora de conhecimento proveniente da linguagem no trânsito entre as línguas. A referida relação será exemplificada a partir da introdução dos Diálogos de Platão, de Friedrich Schleiermacher, em que o filósofo se mostra como um tradutor e leitorpesquisador da obra platônica

Entre trangressões: narrativa híbrida entre Luis Vilela e Mario Vargas Llosa

Por Janara Laíza de Almeida Soares (Página 69)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo discutir a construção das narrativas híbridas no conto “Dois Homens”, de Luiz Vilela, e no livro Pantaleón y las visitadoras, de Mario Vargas Llosa. Tanto no conto como no romance percebemos a presença de um narrador voyeur que utiliza representações imagéticas, no primeiro caso, e a representação teatral, no segundo. Tais estratégias, enquanto tentativas de subversão das representações canônicas, extrapolam as limitações da narrativa, trazendo consigo consequências éticas e estéticas que enriquecem as possibilidades de leitura dos textos analisados.

O fascínio como gênese do líder: Esboço para uma visão epistemológica d’o Cavaleiro da esperança, de Jorge Amado

Por Herisson Cardoso Fernandes

Resumo: Em O Cavaleiro da Esperança (1942), o escritor baiano Jorge Amado (1912-2001) apresenta um romance-biografia de Luís Carlos Prestes (1898-1924), líder revolucionário brasileiro que entra em contato com o marxismo durante uma estada na Bolívia e, após morar e conviver com comunistas na então União Soviética, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro, vindo a tornar-se seu secretáriogeral. O livro de Amado louva a vida e a trajetória política de Prestes e, escrito com o apoio do Partido, é um apelo literário à sua libertação. Mas, além disso, é também uma apresentação de um Prestes mitológico, que se ergue como uma figura quase divina, destinado a guiar o povo brasileiro em direção a uma sociedade mais justa. A partir deste mote, este artigo tem por objetivo pensar e analisar, seguindo uma concepção epistemológica e estética, o ato da criação e as possibilidades de surgimento da figura do líder; o guia e salvador das massas.

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Uma metafísica do amor em Tremor de terra

Por Herisson Cardoso Fernandes

Resumo: Como apêndice de sua obra maior, O mundo como vontade e como representação (1818), o filósofo Arthur Schopenhauer nos legou um texto chamado Metafísica do Amor. Neste escrito o filósofo reflete sobre este momento fundamental e incontornável da existência humana. Inquietos perante tal problemática filosófica, surgiu em nós a vontade de pensar a filosofia do alemão em relação a algum texto literário. Especificamente que se tratasse de uma obra de autor brasileiro. A partir disso intentamos realizar uma leitura da obra Tremor de terra, de Luiz Vilela, a partir da perspectiva de nosso grupo de pesquisa Epistemologia do Romance. Percebemos que as temáticas do amor são constantes em vários dos contos incluídos em Tremor de terra, e conseguimos suspeitar de um posicionamento semelhante em diversos aspectos entre a maneira de representar tal temática, tanto na obra literária do autor mineiro, quanto nas reflexões do filósofo alemão

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Poesia Nahuatl em português: percurso arqueológico – tradutório

Por Sara Lelis de Oliveira (Página 172)

Resumo: Apresentar-se-ão questões arqueológicas que problematizam a tradução para o
português da obra poética Cantares Mexicanos (1904), edição fac-símile das primeiras 85 folhas do manuscrito MS 1628 BIS, conservado na Biblioteca Nacional do México. Esse manuscrito consiste na cópia jesuíta de um manuscrito franciscano para o qual foram transliterados para o alfabeto latino cantos entoados em língua nahuatl compilados entre os anos 1550-1580 do período colonial mexicano. As questões arqueológico-tradutórias envolvem a reconstrução de um texto cujos extratos de sentido não se configuram como nos cantos originais. Sendo assim, o acesso aos rastros da linguagem pré-hispânica no propósito da tradução exige necessariamente o conhecimento das vicissitudes dos cantos originais desde sua escritura no sistema mesoamericano (c. III – XVI d. C) até sua transcrição em 2018.

Caminhos possíveis entre o corpo e a palavra: apontamentos metaficcionais em Uma Duas, de Eliane Brum

Por Nathália Coelho da Silva

Resumo: Corpo e palavra podem ser consideradas vias de rompimentos de não-ditos no processo de transcendência de si e transgressão da sociedade? Refletir sobre esta pergunta é o objetivo deste artigo. Com um olhar filosófico sustentado pela teoria complexa da Epistemologia do Romance, pretende-se observar aspectos metaficcionais no romance Uma/Duas (2011) de Eliane Brum que possibilitam a análise desse conflito humano problematizado na questão acima. O trabalho analisará como as vozes narrativas de Laura – personagem mulher – abrem espaço para o pensamento acerca da gestação – corpórea – da palavra ficcional e o modo como tal gesto estético da escritora (no romance) pode também ser considerado como uma ressignificação crítica de si mesmo, da sua história e do seu contexto social. Neste sentido, a metaficção torna-se base para a produção de conhecimento do ser.

O narrador filosófico como um elemento estético do romance que pensa

Por Maria Veralice Barroso

Resumo: A presente proposta de comunicação está interligada às reflexões do campo teórico Epistemologia do Romance e resulta, portanto, da necessidade de ampliação de apontamentos teóricos sobre os quais ele se debruça. No âmbito deste artigo quer se pensar no narrador reivindicado nos romances com os quais lida a Epistemologia do Romance. Neste sentido, poder-se-ia dizer que o presente artigo pretende pensar questões voltadas para o narrador que habitam as páginas da categoria romanesca, pelo escritor tcheco Milan Kundera (2006), denominada de “Romance que pensa”.

O epistêmico e o metafísico no romance que pensa

Por Maria Veralice Barroso

Resumo: Conforme o entendimento do escritor Milan Kundera, o romance literário, que se quer de valor estético, prima pelo conhecimento da existência, para tanto, há que ser gestado por meio da prática do pensamento filosófico, zelando entretanto, pela permanência das dissonâncias que o afastam de uma verdade sistêmica. Destarte, em diálogo com o pensamento kunderiano, entendendo porntanto, que a narrativa romanesca é um solo privilegiado de conhecimentos sobre Ser, o presente trabalho objetiva refletir acerca dos espaços concedido ao epistêmcio e o metafísico no romance que pensa.

O riso e o erotismo como fundamentos epistemológicos na escrita de Milan Kundera

Por Maria Veralice Barroso

Resumo: O presente artigo tem por objetivo realizar uma análise do conto Personne ne va rire, procurando nele delinear o surgimento do que poderia ser compreendido como um importante componente da espinha dorsal do projeto estético romanesco de Milan Kundera: a personagem de Don Juan. Destacando o riso e o erotismo como elementos constitutivos do donjuanismo, consequentemente, como fundamentos da escrita ficcional kunderiana, intenta-se uma incursão epistemológica por esta narrativa, buscando, a partir dela, ampliar as possibilidades acerca do que nos é possível saber sobre a existência, quando tomamos por objeto de investigação o espaço literário do romance moderno.

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Glauco Mattoso e as “memórias de um pueteiro”: identidade literária como estética de si.

Por Ana Paula Aparecida Caixeta 

Resumo: O livro Memórias de um pueteiro – As melhores gozações de Glauco Mattoso (1982) aponta uma revisitação ao conhecido Jornal Dobrabil (1981), destacando-se pela escolha do autor por fragmentos textuais já publicados, formando parte de um projeto estético que, acredita-se, compõe o reforço identitário da persona Glauco Mattoso. Pode-se entender que esse jogo literário que fomenta a figura pública do escritor cego (glaucomatoso) preocupa-se com as instâncias da criação, da narrativa e da recepção enquanto processo criativo, corroborando para uma consciência estética acerca de si e do outro – no caso, seus heterônimos. Observado isso, o objetivo norteador deste artigo é apresentar essa publicação ao leitor e trazer à tona a opção do autor por discursos ficcionais que corroboram com suas características de escritor fescenino e escatológico, conforme a construção da sua identidade literária.

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A Dimensão do Estético na fotografia de Diane Arbus

Por Ana Paula Aparecida Caixeta e Luiz Carlos Pinheiro Ferreira

Resumo: Como a dimensão do estético implica em reconfigurações do olhar acerca do cotidiano? Intrigados com aspectos da arte e do estético presente no trabalho fotográfico de Diane Arbus, somos impulsionados a pensar na sua produção fotográfica como um acontecimento, sobretudo, a partir de um olhar estético que interroga o próprio cotidiano. Esse olhar evidenciado por Arbus surge em virtude da sua experiência fotográfica de outrora, cuja formação e atuação profissional atendiam as exigências da fotografia de moda. Inserida neste universo estetizado por padronizações, produziu cenários que favoreciam a indústria cosmética, mascarando as desigualdades de sujeitos, de nascimento, de classe e da aparência, conforme aponta Sontag (2004). Posteriormente, encontrou na fotografia autoral uma outra dimensão estética que vislumbraria um olhar humanizado sobre o cotidiano da estranheza, especialmente, ao registrar cenas que evocariam pessoas comuns e marginalizadas. O olhar de Arbus provocou o desvelamento de outros sentidos acerca da vida e de questões da condição humana, muitas vezes silenciadas por uma vida que encobria cenas bizarras, exóticas e desvinculadas do banal. São estas cenas, pessoas, lugares e formas de ver que seduziram esteticamente seu olhar pela vida, possibilitando a reconfiguração de um outro olhar voltado ao lugar comum a partir de uma produção fotográfica visceral. Nessa perspectiva, ressaltamos que a dimensão do estético no espaço ocupado pela fotografia de Arbus possibilita a investigação de um instigante horizonte epistêmico, promovendo similaridades, provocações e desordens relacionadas com uma nova forma, não somente de representação, mas também, tal como propõe Dubois (1993), uma forma de pensamento.

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Fabricações do cotidiano: Estética e Visualidade nos/dos grafitos de banheiro

Por Ana Paula Aparecida Caixeta e Luiz Carlos Pinheiro Ferreira

Resumo: Este trabalho apresenta questões da estética e da visualidade dos grafitos de banheiros como fabricações verbo/visuais que apontam discursos do cotidiano universitário. Pretendemos, a partir do registro fotográfico de grafitos encontrados em alguns espaços, especificamente no contexto da Universidade de Brasília, refletir acerca de um cotidiano silenciado marcado por ações que carecem de autoria. No entanto, essas ações também reforçam o caráter do anonimato como um movimento que acentua a voz e a força dessas fabricações, intervindo esteticamente no espaço dos banheiros. O interesse de pesquisa surge a partir dos conceitos de Glauco Mattoso (2001) sobre datilograffiti e coprofagia, como ponto de partida teórico, no sentido de trazer para o debate reflexivo sobre o campo da arte e da cultura visual o pensar sobre o próprio fazer artístico como uma possibilidade de invenção e fabricação do olhar. Compreendemos que, faz parte da escrita do autor a criação de conceitos que justificam sua intencionalidade estética e visual, sobretudo, ao considerarmos a proposta do datilograffiti como uma ideia que explica a estética do Jornal Dobrabil. Um folhetim parodístico e chulo, cuja exploração imagética pela máquina de escrever incorporou uma linguagem transgressora, a “literatura de mictório”. É a partir dessa perspectiva que propomos um olhar acerca dos grafitos que aqui denominamos de verbo/visuais, porque transitam na dimensão gráfica da escrita e da imagem, interrogando-nos a investigar essas demandas do não-dito, silenciadas e emergenciais em sua dimensão subjetiva. Dessa forma, parece propícia a ocupação desses territórios públicos destinados àquilo que consideramos inútil, residindo uma ideia de apropriação como forma de romper com esse silenciamento.

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Arte Bruta, Criação Estética e Agenciamento em Arthur Bispo do Rosário

Por Ana Paula Aparecida Caixeta e Luiz Carlos Pinheiro Ferreira

Resumo: O estudo parte da relação entre arte bruta e a criação estética para refletir sobre o processo de agenciamento na produção visual de Arthur Bispo do Rosário. Nesse aspecto, torna-se pertinente a discussão acerca dos processos pelos quais a criação estética transita, sobretudo, quando consideramos que a arte bruta revela-se no contexto de uma arte produzida por sujeitos, que em alguns casos, encontram-se alheios à cultura erudita e a formação artística. Desse modo, tanto a trajetória de vida, como o processo de criação estética movimentam-se na busca por inventariar perspectivas de diálogo e agenciamento entre o sujeito e o mundo.

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Entre o nada e o tudo, a morte humana

Por Denise Moreira Santana e Nathália Coelho da Silva

Resumo: O presente trabalho tem como o objetivo criar um paralelo entre o conto Velório de Luiz Vilela, e as narrativas ficcionais A morte de Artemio Cruz, de Carlos Fuentes, e Uma Duas, de Eliane Brum, todos os livros trabalhados dentro da perspectiva teórica da Epistemologia do romance. A ideia é refletir sobre o aspecto que parece interligar os três textos: a (in)dignidade da morte humana. A banalização da dor e do sofrimento, o corpo como objeto de descarte e a contraditória inutilidade da vida como pontos de intersecção. A filosofia nietzschiana ajuda-nos na compreensão da condição humana de “olhar para a morte” em Vilela, e a Epistemologia do romance perpassa os caminhos de
Fuentes e Brum em desejos justapostos, os três dão sinais de possibilidade de análise comparativa partindo do ambiente estético-filosófico de compreensão da morte.

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A literatura-projeto de Mario Vargas Llosa

Por: Janara Laíza de Almeida Soares

Resumo: Mario Vargas Llosa é conhecido pelo grande público através de suas obras literárias. Seus ensaios críticos, que se estendem da década de 1950 até os dias atuais, são pouco veiculados e, quando lidos, geralmente causam polêmica por mostrarem-se avessos às tendências atuais da crítica literária. O presente trabalho relaciona seu ensaio de 1975, La orgia perpetua: Flaubert y Madame Bovary, com o mais recente e polêmico livro, La civilización del espectaculo, de 2012. Buscamos discutir alguns dos princípios que norteiam as concepções literárias de Mario Vargas Llosa, principalmente as relações que o mesmo faz entre literatura e política e como sua crítica literária imagina a literatura como um projeto para a construção de um indivíduo e de uma sociedade humanistas.

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Relações de poder e militarismo em A cidade e os cachorros, de Mario Vargas Llosa

Por: Janara Laíza de Almeida Soares

Resumo: O presente artigo objetiva analisar as relações de poder no primeiro livro de Vargas Llosa, A cidade e os cachorros, publicado em 1962. O romance mostra o difícil processo de vivência de estudantes no Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima. A partir de um violento código de conduta e em um ambiente hostil e brutal, os abusos das autoridades com os estudantes vão se reproduzir na relação entre eles, com os mais velhos humilhando os novatos e alimentando o círculo de crueldade. Assim, para rechaçar as ameaças dos veteranos, os estudantes mais novos criam um grupo chamado Círculo. Esse livro mostra experiências vividas pelo próprio autor que, evocando as memórias de quando estudava no Colégio Militar Leoncio Prado, constrói uma narrativa a partir de vários pontos de vista, explorando as relações de poder e abusos impostos pela conduta militar, contra os quais vai lutar tanto em sua vida pessoal quanto em sua obra literária.

Dou-te a prova: os jogos de verdade em “Pantaleón y las visitadoras”, de Mario Vargas Llosa, e “Os visitantes” de B. Kucinski

Por Janara Laíza de Almeida Soares

Resumo: O presente trabalho investiga as formas de estabelecimento de verdades e de manipulação das mesmas nos romances Pantaleón y las visitadoras (1973), do peruano Mario Vargas Llosa, e Os visitantes (2016), do brasileiro B. Kucinski. Em ambos os livros, emerge a questão de como as verdades são construídas, bem como as consequências éticas do resultado dessas construções. Para tanto, discutimos as relações entre Verdade, Bom e Belo; as mudanças na concepção de verdade e a noção de “possibilidades de verdades” na literatura trazida pela Epistemologia do Romance; e analisamos como os romances questionam filosoficamente a exigência do estatuto da verdade absoluta, bem como as contradições que emergem desse movimento. Palavras-chave: Dissonância; Literatura latino-americana; Estabelecimento de verdades.

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Agressões e silêncios gritos inaudíveis em Paraíso, de Tatiana Salem Levy

Por Janara Laíza de Almeida Soares

Resumo: O presente artigo analisa o silenciamento das mulheres no livro Paraíso (2014), de Tatiana Salem Levy. Considerando que a literatura se constitui como uma possibilidade de explorar a condição humana, organizando a experiência caótica da vida na narrativa, é possível analisar no livro de Levy como se dá o processo de legitimação das agressões para com as mulheres, bem como o silenciamento decorrente de uma educação voltada para a manutenção da submissão feminina. A partir dos estudos de Guacira Lopes Louro (2007), Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira (2010) e Elizabeth Badinter (1993), analisou-se como os comportamentos masculino e feminino são moldados para a perpetuação da submissão feminina, transformando-a num habitus. As personagens femininas aparecem, então, como figurações da situação feminina que, resguardadas as diferenças, mantém a violência e a submissão independente de classe, raça ou época.

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A ficção enquanto possibilidade de se pensar o humano: estudo sobre o sujeito em Uma/Duas, de Eliane Brum

Por Nathália Coelho da Silva (Página 6956)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo pensar traços do sujeito na contemporaneidade a partir da ficcionalização da personagem Laura no romance Uma/Duas (2011), de Eliane Brum. Partese da compreensão de que a narrativa pode ser entendida como solo fértil de conhecimento acerca da condição humana, se encarada sob a ótica filosófica da Epistemologia do Romance. Neste contexto, enxerga-se Laura como a experimentação de um sujeito escritor multifacetado em si mesmo que, ao passo que vive seus conflitos tenta debruçar-se sobre o ser humano no exercício da escrita ficcional, dentro da própria ficção, e, neste sentido, chega, em seus limites humanos, a um patamar possível de transcendência.

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O papel da tradução na difusão da literatura Nahuatl

Por Sara Lelis de Oliveira (Página 1093)

Resumo: Pretende-se evidenciar o papel da tradução na difusão da literatura nahuatl pelo historiador mexicano Miguel León-Portilla em sua obra El destino delapalabra (2013). A tradução atua como instrumento fundamental para divulgaros manuscritos em língua nahuatl que foram transcritos da oralidade e da interpretação oral dos livros pictoglícos indígenas para o alfabeto latino durante o século XVI.Esse material foi estudado por León-Portilla no intuito de considerar as possibilidades de conservar, malgrado a transcrição do oral para o escrito, o pensamento indígena. Constatou-se, no entanto,que sua hipótese é discutida mediante exemplosdos manuscritos apresentados em tradução para o espanhol mexicano, questão central que problematiza o estudo do historiador.

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A Tradução dos Huehuehtlahtolli em Malinhce: recriando a oralidade Nahuatl 

Por Sara Lelis de Oliveira, Ana Helena Rossi

Resumo: Este trabalho discute a tradução para o português do Brasil dos huehuehtlahtolli esboçados em MALINCHE (2006), obra literária de Laura Esquivel, com base na recriação da oralidade da língua náhuatl. Os huehuehtlahtolli são uma forma de expressão literária do México pré-hispânico referente aos discursos nos quais sábios e anciãos indígenas da nobreza nahua transmitiam oralmente o conhecimento das antigas tradições e instruíram o caráter moral de crianças e jovens. Esta compreensão resulta de um continuum de conversões tradutórias, movimento no qual traduzir é um meio para conhecer o texto original. Neste processo, notou-se nas falas da abuela – avó de Malinalli, protagonista da obra – um tom distinto dos trechos narrativos. O tom diz respeito à forma poética de expressão dos huehuehtlahtolli, na qual predominam elementos orais. Adotou-se o preceito de Walter Benjamin de tradução como forma a fim de plasmar na língua brasileira a oralidade dos huehuehtlahtolli recriados ficcionalmente em MALINCHE.

O niilismo no romance Graça

Por Lucas Fernando Gonçalves e Rauer Ribeiro Rodrigues

Resumo: O presente artigo analisa as ressonâncias do niilismo no romance Graça, de Luiz Vilela (1989), refletindo sobre sua constituição de palimpsesto ao retratar os relacionamentos conjugais da personagemnarradora Epifânio. O referencial teórico da pesquisa é o pensamento de Friedrich Nietzsche, filósofo que caracterizou diversos desdobramentos no âmbito do niilismo, e conceitos formulados por Milan Kundera, romancista que abordou a temática da memória poética como processo nietzschiano do eterno retorno. O romance de Vilela apresenta um relato imaginoso que coloca em cena não apenas um dos temas mais recorrentes da literatura universal, que é a questão do encontro amoroso, como também, e uma vez mais, a própria problemática da construção de discurso ficcional e das potencialidades da linguagem na mediação entre vida e criação artística.

Carlos Fuentes e sua varandaO sujeito contemporâneo em uma duas de Eliane Brum: O ego experimental do escritor objeto de si mesmo

Por Nathália Coelho da Silva

Resumo: Este trabalho tem como objetivo pensar traços do sujeito no contemporâneo a partir da ficcionalização da personagem Laura no romance Uma/Duas (2011), de Eliane Brum. Parte-se da compreensão de que a narrativa pode ser entendida como solo fértil de conhecimento acerca da condição humana, se encarada sob a ótica filosófica da Epistemologia do Romance. Neste contexto, enxerga-se Laura como a experimentação de um sujeito escritor multifacetado em si mesmo que, ao passo que vive seus conflitos tenta debruçar-se sobre o ser humano no exercício da escrita ficcional, dentro da própria ficção. Parte-se inicialmente do pensamento de Agamben sobre a contemporaneidade na elaboração do questionamento: quem é este sujeito que consegue apreender o obscuro das luzes do mundo? Para esta empreitada, Michel Foucault auxilia na construção da noção de sujeito, face ao pensamento estético de Kant e Hegel.

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Carlos Fuentes e sua varanda

Por Wilton Barroso e Denise Moreira Santana

Resumo: O presente artigo tem por objetivo apresentar uma visão do modelo jornalístico do autor e romancista Carlos Fuentes e visitar a obra póstuma Federico en su balcón, para refletir sobre aspectos que interligam sua amizade com o escritor Milan Kundera, com considerações feitas a partir do ensaio Milan Kundera: o idílio secreto, e o prêmio González Ruano de jornalismo recebido em 2008 pelo texto jornalístico sobre a obra de Hernán Lara Zavala: Península, península. A possibilidade de análise comparativa entre a defasagem temporal das obras destes autores permite tratar no ambiente estético a particularidade universal da literatura visto pela crônica que persegue um tempo revolucionário de diferentes racionalidades estéticas justapostas.

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O idílio como espaço de intersecção entre literatura e filosofia na obra de Milan Kundera

Por Wilton Barroso e Maria Veralice Barroso

Resumo: Em vez de falar em Romance Filosófico, Kundera prefere falar em Romance que Pensa. Se filosofia é a prática do exercício de pensar, todo bom romance pratica a filosofia, porque todo bom romance pensa, dirá o escritor. Sendo assim, o diálogo que direta ou indiretamente, enquanto romancista estabelece com nomes consagrados da filosofia ocidental está longe de uma perspectiva de submissão. Amparado pela noção de idílio cara à ficção kunderiana, este trabalho tem por objetivo trazer à luz da reflexão os diálogos que o escritor, permanentemente, trava com Platão, Aristóteles e Nietzsche.

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No balcão com Carlos Fuentes: a ontologia de um escritor jornalista

Por Wilton Barroso

Revisão de Denise Santana

Nota: Este texto está em vias de publicação pela editora Fundação Casa de Rui Barbosa e fará parte do livro: Imprensa, história e literatura: o jornalista escritor

O narrador na ficção Kunderiana: uma construção estética em diálogo como Romance Moderno

Por Maria Veralice Barroso

Resumo: O escritor contemporâneo Milan Kundera, tornou-se mundialmente conhecido a partir da segunda metade do século XX, quando então assumiu o romance moderno como espaço literário sobre o qual se dispunha a criar e apensar. Sustentando ser de dentro de sua própria história que “a arte do romance” adquire vitalidade e substancialidade, Kundera, entende ser somente no interior de sua trajetória que a narrativa romanesca encontrará condições de se transformar e de se reinventar do ponto de vista estético. Na ordem do pensar kunderianos, os romances que saltam para fora dessa história, ainda que sejam literatura, nada acrescentam à estética romanesca (1988, p. 09 a 43). Convencido da inter-relação entre o passado e o presente, situado no tempo e espaço o qual denomina de “Paradoxos Terminais da Modernidade”, Kundera quer fazer de sua produção estética um espaço também de reflexões sobre o romance moderno. As escolhas efetuadas, enquanto criador da obra literária, realizam-se em consonância com o anseio de pensar o estético romanesco no interior dele mesmo. Por entender que a figura do narrador se destaca no âmbito dessas escolhas, este trabalho tem por objetivo central procurar compreender como uma das variações do narrador kunderiano, em diálogo com o passado do romance moderno, se posiciona na narrativa de modo a trazer para o espaço do literário as problemáticas que envolvem a existência e a própria continuidade do romance nos paradoxos finais da modernidade.

Maria Veralice Barroso
Resumo: A expressão Paradoxos Terminais da Modernidade foi cunhada pelo escritor tcheco Milan Kundera para designar o tempo do qual participou como sujeito histórico. A estética romanesca kunderiana se configura enquanto possibilidade de reflexões sobre o mundo paradoxal que teria se constituído por força das catástrofes que se afiguraram no decorrer do século passado. Ao longo de uma prática literário-reflexiva, por meio de suas personagens dom-juanescas, Kundera constrói e traz para o âmbito da literatura paradigmas que apontam para uma nova sensibilidade estética. Com o objetivo de buscar compreender o que e como Don Juan nos fala a respeito das experiências dos homens e mulheres de seu tempo e daqueles que ultrapassaram os limites da modernidade, a presente proposta de comunicação procura lançar um olhar crítico reflexivo sobre os don juans que percorrem o “mundo romanesco de Milan Kundera”.

Tanatografia em Glauco Mattoso e a personificação da cegueira como processo heteronímico

Por Ana Paula Aparecida Caixeta

Resumo: A associação da cegueira com a morte, em Glauco Mattoso (1951), é um caminho contundente para se chegar ao seu processo heteronímico de criação. Entendendo a cegueira como um tipo de morte e a hipótese da transição entre dois tempos do escritor (fase visual e cega), compreende-se que a heteronímia, neste autor, é proveniente de um sistema semântico que personifica da doença que o acometeu. Acreditando nisso, este artigo traz alguns apontamentos da escrita sobre a morte como possibilidade discursiva da (re)criação de si. A partir da relação personificada entre morte e cegueira, foi possível chegar a elementos da criação literária de Mattoso, que estão ligados ao luto e angústia da finitude: do glaucoma à morte da visão.

Por Ana Paula Caixeta e Wilton Barroso Filho
Resumo: O texto aqui exposto propõe um estudo estético da obra Manual do podólatra amador: aventuras & leituras de um tarado por pés, de Glauco Mattoso, partindo da idéia fixa do autor: o desejo por pés masculinos. Pensando nas incomuns características literárias de Mattoso e a transgressão que este propõe ao universo acadêmico, faz-se necessário um estudo que desvende os elementos formais desta obra, constituintes de uma estética singular, provinda de seu fetiche. Basicamente sustentado pela tese do autor, este artigo vem apresentar o que denominamos de “estética do pé sujo”.
Por  Wilton Barroso Filho e Ana Paula Caixeta

Resumo: Apresentamos, neste texto, elementos sobre a intertextualidade que presente na prosa ficcional de Glauco Mattoso. Convencidos de que o diálogo de textos é algo recorrente em suas produções, seja em prosa ou em verso, nos foi possível levantar indícios de como as relações intertextuais sustentam o discurso sexual adotado por Mattoso e, por conseguinte, como o intertexto solidifica e ampara o projeto estético desse escritor, fornecendo-lhe credibilidade junto ao leitor.

Por Verônica Maria Biano Barbosa
Resumo: A proposição aqui apresentada de um estudo epistemológico de algo do campo da estética, como o romance, que, por sua natureza não científica, não carrega a verdade universal que se espera da ciência, se dá por meio da investigação de um fundamento racional que funda e sustenta a obra literária e que responde a pergunta Kantiana “O que eu posso saber?”. O objeto de nossa análise é, então, uma construção do sensível (e, por isso, objeto estético), advinda de uma racionalidade, de forma que nossa relação com o romance, enquanto leitores-pesquisadores, vai além do gosto e do prazer, ela é transformada em algo objetivo. Trataremos aqui das relações entre língua, realidade, identidade e exílio, sob a luz das possibilidades que a criação romanesca oferece, em particular na obra A Ignorância (2002) de Milan Kundera.
Por Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso Filho
Resumo: Tendo em vista que o romance é também um espaço possibilitador do conhecimento e que, as ações do leitor-pesquisador frente ao texto escolhido para análise são movidas por algo além do prazer, do gosto; algo que passa necessariamente pela pergunta kantiana “O que eu posso saber?” e, mediante a complexidade que se afigura frente à obra literária em geral, os estudos referentes à Epistemologia do Romance sugerem, como método para análise do texto romanesco, a assunção de um fundamento da obra. Dito de outra forma, a assunção de um elemento regular e invariável no conjunto dos textos de um autor, responsável, portanto, sua constituição e, que, ademais, lhe fornece a noção de conjunto. Guiada por tal discussão, frente à complexidade e a variedade de sentidos fornecidos pela obra de Milan Kundera, dentre os vários fundamentos os quais constituem seu fazer literário, opto pela análise da personagem de Don Juan, estrategicamente retomada pelo autor nos Paradoxos Terminais da Modernidade.
Por: Itamar Rodrigues Paulino, Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso Filho
Por: Itamar Rodrigues Paulino, Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso Filho
Resumo: O filme A Insustentável Leveza do Ser é uma adaptação do romance de Milan Kundera, publicado nos anos finais do século passado. O presente artigo tem por objetivo procurar compreender a relação estabelecida entre o original e a tradução proposta pelo diretor Philip Kaufman. No exercício de decomposição e análise das duas obras buscar-se-á, pelos momentos em que a ausência do narrador-autor provoca no leitor-espectador certa reação diante da produção cinematográfica

Percepções Sensíveis Sobre o Pensamento Literário de Hermann Broch A Partir de “Os Sonâmbulos”

Por: Itamar Rodrigues Paulino e Wilton Barroso Filho

Resumo: Este artigo busca encontrar uma coerente estrutura filosófica de pensamento, no caso as percepções sensíveis, que permita fazer uso da Literatura, utilizando de maneira específica um romance, para demonstrar a possibilidade de se provocar o filosofar sobre a existência humana, considerando o tema da degradação dos valores humanos. Para tanto, Immanuel Kant, Friedrich Hegel e Friedrich Nietzsche tornaram-se a fundamentação acerca dos valores humanos. Hermman Broch, e sua obra Os Sonâmbulos, contribui com uma percepção estético-literária acerca do tema.

Por: Rosimara Richard
Resumo: O trabalho que aqui se apresenta, tem por finalidade realizar um estudo da memória como fundamento da identidade em O livro do riso e do esquecimento, de Milan Kundera. Para o autor, um retorno ao passado seria o que fornece à subjetividade um sentido, pois o ‘eu’ se constitui um somatório de lembranças e, sendo assim, o esquecimento ocasionaria a perda das raízes, das referências e, consequentemente, da identidade. Para tanto, nos pautamos na teoria da memória apresentada pelo filósofo Henri Bergson, na qual a memória é tida como processo de rememoração que define todo o universo da cultura do sujeito, fornecendo identidade à subjetividade.
Por: Rosimara Richard e Wilton Barroso
Resumo: Este trabalho se propõe a pensar alguns escritos de Carlos Fuentes e de Milan Kundera, como resultado de discussões, senão nascidas, aprofundadas em 1968, quando Carlos Fuentes, Julio Cortázar e García Márquez desembarcaram em Praga, a convite da União dos Escritores Tchecos. Os pensamentos de Fuentes e Kundera se aproximam muito na medida em que ambos têm o romance como um espaço de discurso e de reflexão, que vai contra o mundo determinado por forças imperialistas. Com a aproximação do pensamento destes dois autores, mostra-se possível o estabelecimento de um paralelo entre as intelectualidades latino-americana e centro-européia.

Pertencer ou Não Pertencer ao Círculo:Narrativas do Exílio em Milan Kundera

Por: Maria Veralice Barroso, Rosimara Richard

Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar, a partir dos romances O livro do riso e do esquecimento e A ignorância, de Milan Kundera, o quanto o autor se nutre de sua condição de sujeito histórico para compor suas personagens e testá-las no universo ficcional que, em nossa concepção, é marcado de maneira significativa pela experiência de vida do autor, em especial, por sua experiência de exilado. Para tanto, procuramos pelo sentido do autor-narradorpersonagem desenvolvido pelo escritor ao longo das duas obras escolhidas.

A Emergência da Entidade Don Juan na Obrade Milan Kundera

Por: Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso

Resumo: Este estudo tem por objetivo uma análise acerca do comportamento libertino dos don Juans kunderianos. De posse da compreensão do percurso dessa personagem na historiografia literária, objetiva-se uma comparação analítica dessa figura com as composições de Milan Kundera, tendo como centro de observação os seus universos objetivos e subjetivos de onde se acredita, emanam grandes temas vividos pela humanidade nos tempos atuais.

O Donjuanismo na Obra de Milan Kundera

Por: Maria Veralice Barroso e Wilton Barroso

Estudo realizado pelo Prof. Dr. Wilton Barroso, Professor Dr. do PPGL – UnB, e por Maria Veralice Barroso, Doutoranda em Teoria Literária – Universidade de Brasília.

Mikkail Bakhtin e Milan Kundera: UmDiálogo Possível no Romance “A Brincadeira”

Por: Maria Veralice Barroso

Estudo realizado na disciplina Seminário Avançado em Teoria Literária do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília.

A Voz Filosófica do Narrador Kunderiano

Por: Wilton Barroso Filho

Resumo: Na obra romanesca de Milan Kundera emerge de modo divergente e ao mesmo tempo complementar um narrador filósofo. Observando as diferentes reflexões das vozes narradoras através da obra romanesca, o nosso trabalho de pesquisa busca uma reflexão epistemológica sobre os elementos eventualmente constituintes de um donjuanismo contemporâneo e de uma filosofia pós-moderna da sedução.

A Questão da Identidade em Milan Kundera

Por: Verônica Maria Biano Barbosa

Resumo: O presente estudo tem por objetivo transitar entre os conceitos de Memória, Ignorâcia e Nosltalgia dentro do unvierso Kunderiano numa tentativa de elucidar a posição suspensa do exilado entre sua pátria e o lugar se eu exílio. Isto se dá por meio da análise da obra literáriaA Ignorância (2002), com auxílio do ensaio A Cortina (2006), no qual Milan Kundera reflete mais profundamente sobre sua condição de exilado, dentre outros. O estudo é pautada sob três pilares a serem discorridos em seus respectivos tópicos, a saber: Exílio, Memória e Nostalgia, os quais, dentro e fora do romance, apresentam-se como fatores que influenciam o processo de (des)construção da identidade d eum exilado. Como conclusão, temos que as questões identitárias relativas ao exilado permeia o universo Kunderiano e que a causa do exilado forma um eixo epistemológico nas obras do autor.

O escárnio nas aventuras de um tarado por pés – estudo epistemológico em Manual do Podólatra Amador, de Glauco Mattoso

Por: Ana Paula Caixeta

Resumo: O termo marginal, na literatura brasileira, ficou conhecido ao adjetivar uma geração de artistas que se destacaram pela ousadia durante um período marcado pela repressão. Nesse contexto, vários desses autores ganharam nome e espaço, dando início a uma nova configuração da literatura no país. No mesmo momento e à parte de todos, Glauco Mattoso surge e por meio de sua sexualidade, seu fetiche e sua deficiência, expõe em sua obra aspectos atrevidos e desconcertantes, inabituais na poesia e na narrativa comum. Apresenta sua arte da maneira mais provocativa, escarnecedora e contracultural, que, segundo ele, levou-o à singularidade ante aos outros artistas do mesmo estilo. Em seu livro autobiográfico, publicado em 1985, de título Manual do podólatra amador: aventuras & leituras de um tarado por pés, é que o estudo aqui proposto baseia-se a fim de entender os caminhos do escárnio na linguagem utilizada pelo autor. Para tanto, o desenvolvimento do projeto terá como esclarecedores os estudos a respeito dos Elementos da Epistemologia do Romance, de Wilton Barroso, levando-nos a uma investigação histórica e filosófica da obra citada.