Entre os meses de setembro e outubro, quatro membros do Grupo de Pesquisa da Epistemologia do Romance concluíram suas pesquisas e receberam, três deles, o Título de Mestre e uma, de Doutora.
Denise Moreira, Rosimara Richard e Nathália Coelho defenderam seus trabalhos pelo Programas de Pós-graduação em Literatura (PósLit) da Universidade de Brasília e Herisson Cardoso pelo Programa de Pós-graduação em Metafísica (PPGµ), também da UnB.
A dissertação de Herisson é, inclusive, a segunda concluída pelo recente programa e tem valor especial: uma das avaliadoras foi a professora Seloua Luste Boulbina, membro interno da PPGµ, e titular da Université Dennis Diderot, Paris VII (França).
Como Boulbina fala francês, Herisson apresentou sua pesquisa em inglês e respondeu as questões em português, conforme combinado no início da banca, já que os outros dois avaliadores também eram falantes da língua oficial do Brasil.
O mais importante, segundo o professor orientador de todos os trabalhos, Wilton Barroso Filho, é a percepção da noção de grupo pelos professores nas monografias. Além disso, as discussões apontam novos caminhos para os estudos tanto da proposta da Epistemologia do Romance, quanto para as novas pesquisas que se desenrolam em terrenos do contemporâneo.
Confira as propostas de cada um!
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| Mestrado: Denise Moreira e avaliadores |
Com o título “Aura: a ontologia do tempo na atemporalidade da obra de Carlos Fuentes”, Denise trabalhou a questão do tempo na construção estética da narrativa já citada. A ideia foi, dentro da proposta filosófica de olhar para o objeto literário da Epistemologia do Romance, buscar elementos em textos ensaísticos do próprio autor para compreender o tempo ontológico na narrativa. Uma das conclusões foi: além de sucessivo, simultâneo e linear, o tempo também é circular e permite que a existência humana se reconfigure num eterno retorno de seus personagens.
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| Mestrado: Nathália Coelho e avaliadores. |
Já Nathália apresentou a dissertação “Estética dos Contrários: a busca pela gênese do romance Uma/Duas, de Eliane Brum”. Em linhas gerais, o trabalho traça um retorno possível ao processo criativo da narrativa em questão, reverberando seu significado enquanto espaço possibilitador de conhecimento acerca do humano sobretudo em dois aspectos iniciais: a necessidade da ficcionalização e o sujeito contemporâneo encarnado no escritor que pensa o seu presente e reflete a si mesmo porque se vê imbricado nesta realidade. Neste sentido, muitas variáveis emergem da obra, em contradição, e dos terrenos do hoje: a banalização da morte, as relações desiguais entre homens e mulheres, o profundo silenciamento dos conflitos, o maqueamento da vida e o modo como as relações de poder levam-nos, violentamente, à imanência do efeito estético, quando a literatura aparece como uma possível porta para transcendência.
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| Doutorado: Rosimara Richard e avaliadores. |
Rosimara Richard, por sua vez, apresentou a tese “As memórias no jogo da criação romanesca de Milan Kundera”. O objetivo foi pensar a memória como fundamento e fundamentação no processo criativo do escritor tcheco. Os livros Le livre du rire et de l’oubli (O livro do riso e do esquecimento), L’insoutenable légèreté de l’être (A insustentável leveza do ser) e L’immortalité (A imortalidade) formam o corpus da pesquisa. A análise partiu da conceituação de memória apresentada pelo filósofo Bergson, seguida da teoria de Gadamer sobre o jogo.
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| Mestrado: Herisson Cardoso e seus avaliadores. |
Em, “Elementos para uma ontologia do romance: um estudo sobre a Arte do Romance de Milan Kundera” Herisson se questiona: o romance, enquanto instância artística e literária, é fundado sobre um determinado e específico número de elementos? Se sim, é possível identificar quais seriam eles? Ou seja, pensando ontologicamente, há algum conjunto de fundamentos que fazem o romance ser o que é? Tais indagações dão luz à análise dos textos ensaísticos do romancista tcheco Milan Kundera. A ideia é, pela decomposição do pensamento do teórico, discutir se de fato o romance possui uma sabedoria que lhe é própria.