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“A Epistemologia do Romance está no centro de tensão do presente pois luta pela manutenção do humano”

Nesta série de entrevistas, você vai conhecer um pouco sobre o processo criativo do livro Estudos Epistemológicos do Romance e também a participação de cada autor. Começamos com o professor e Líder do Grupo, Wilton Barroso Filho. Confira!

 
Por Nathália Coelho

     Ainda que as narrativas sociológica e científica tentem desvendar o mundo, existe uma impossibilidade natural do conhecimento humano de abarcar todas as coisas. É aqui que os romances entram.

“Como falar da infidelidade, por exemplo, como falar da pulsão sexual das pessoas, como falar da mente de um criminoso, como falar de infinitos dramas existenciais, como a dor da perda de um emprego, sobre um ponto de vista absolutamente internalista? O romance tudo pode. Dizem alguns e geralmente: ‘mas é tudo mentira!’ Mas é exatamente porque é tudo mentira”, afirma o professor e líder do grupo de pesquisa Epistemologia do Romance, Wilton Barroso Filho.

O pesquisador cita o autor de A filosofia do como se (2011), Hans Vaihinger para explicar a afirmação. “Todo realismo é impossível porque o olhar humano é incompleto. O que chamamos de verdade científica é uma aproximação. Jogos de verdade e mentira são falaciosos”, afirma. Segundo Barroso, ambas são criações humanas e ambas estão contidas racionalidades que não estão acabadas sobre o mundo, o que nos tornam cada dia mais humanos.

Qual o papel da Epistemologia do Romance nesta discussão? “O que fazemos está no centro de tensão do presente na medida em que luta pela manutenção do humano”, reitera. A teoria complexa de análise romanesca – criada a partir dos estudos literários e filosóficos do prof. Wilton Barroso Filho e em desenvolvimento pelo grupo de pesquisa – terá seu primeiro livro lançado no dia 3 de julho, no restaurante Carpe Diem, em Brasília. “Um livro está sendo proposto a sociedade, aos estudantes. É nosso trabalho tentando dizer que o Brasil tem jeito”, afirma.

Para o filósofo, o capital quer nos desumanizar, quer afastar a população da leitura de romance, afirmar que obra de arte é besteira. Ao mesmo tempo que os governantes afirmam que a disciplina de filosofia não é necessária. “O que esses senhores não sabem é que grandes matemáticos foram grandes filósofos.” Por isso, a importância da publicação.

“Acho que a gente faz o novo. No Brasil não faz filosofia, se faz boa história da filosofia. Eu me pretendo a filósofo. Não tenho fidelização e nunca tive carteirinha. Particularmente acho isso uma grande bobagem. A nossa inovação está em pensar em rede. Não privilegiamos autor nenhum. Ou seja, a nossa teoria não é colonizada. Trabalho com Kant, Hegel, Nietzsche, Agamben, Foucault, flerto com Schopenhauer. Devo ter um caldeirão de bruxo onde eu misturo essas coisas. E dessa mistura sai uma certa originalidade”, brinca.

Professor Wilton foi o primeiro entrevistado da série de conversas que o blog fará com os autores do livro Estudos Epistemológicos do Romance (2018). No vídeo, você vai saber ainda se a Epistemologia do Romance começou, se pode ser entendida como um método e os motivos da escolha dos autores estudados. Como a arte literária pode ajudar na compreensão do presente e da vida humana?

“Se eu abro espaço para ensinar um aluno neófito ler e entender um romance, posso abrir para qualquer coisa, me disse uma vez o prof. Dr. Itamar Paulino, membro do grupo. E acho que esse rico país pobre que nós somos, precisa muito disso”.

Clique aí e entenda um pouco mais do nosso trabalho!
E anote na agenda: 3 de julho, Carpe Diem, 104 sul, às 19h!