Confira a entrevista com a prof. Dra. Maria Veralice Barroso, responsável pela organização do livro Estudos Epistemológicos do Romance junto ao prof. Dr. Wilton Barroso Filho
Por Nathália Coelho
Ao pensar acerca da Epistemologia do Romance, é importante ter em mente que a proposta de análise literária não está subordinada a nenhuma teoria específica. “Não lemos os textos teóricos com o objetivo de assimilação. O que vem primeiro é o objeto estético. O que queremos pensar é como ele (o objeto) dialoga com as teorias que existem”, afirma a prof. Dra. Maria Veralice Barroso, uma das organizadoras do livro Estudos Epistemológicos do Romance, que será lançado no dia 3 de julho, em Brasília, e no início de agosto, no Congresso Internacional da Abralic (Associação Brasileira de Literatura Comparada).
Na entrevista com a pesquisadora, feita pelo Blog do Grupo de Pesquisa Epistemologia do Romance, Veralice Barroso explica que é por meio dos trabalhos acadêmicos realizados no âmbito do grupo que a teoria complexa é construída e ao mesmo tempo repensada a cada novo autor que chega.
“Nós não conseguimos mais fazer só uma leitura simples, contemplativa da obra. Porque há a tentativa de observar o que o autor diz, o que eu posso saber dessa obra, o que me leva a conhecer essa obra já está imbricado em nossas leituras. Falo de perguntas. Não só assimilar ou procurar respostas”, reitera.
Veralice explica que o fato de perseguir perguntas abre, dentro dos estudos literários, uma janela para que outros pesquisadores também se debrucem na análise dos romances, sem que uma pesquisa anule a outra. Há uma infinidade de possibilidades de leituras. “É muito interessante porque a gente está o tempo inteiro aprendendo nesse processo. O trabalho em grupo é um trabalho riquíssimo nesse sentido”, afirma.
Por isso, como a entrevistada diz, o livro representa um fechamento de ciclo. “Nós sentíamos que tínhamos consolidado um ciclo e precisávamos apresentar um material sobre isso. E o livro vem com essa intenção, de forma que a organização dos textos respeitam a trajetória da pesquisa”, conta.
Estudos Epistemológicos do Romancecomeça com o texto referência do grupo e que foi escrito pelo prof. Wilton Barroso Filho em 2003 para apresentação em um Congresso. Em seguida, há um ensaio sobre Hermann Broch, escrito pelo prof. Dr. Itamar Rodrigues Paulino. Em seguida, vem o trabalho da Veralice, sobre Milan Kundera. “Sabemos que Kundera busca Broch o tempo inteiro, e ele mesmo se intitula discípulo de Broch”, fala. Depois vem os autores latinos como Carlos Fuentes e os brasileiros propriamente ditos, como Glauco Mattoso, Eliane Brum, Luiz Vilela e Jorge Amado.
A pesquisa em Milan Kundera
“O Milan Kundera não é um autor que eu escolheria se eu não fosse orientado pela Epistemologia do Romance. Fui descobrindo, aí que se tornou apaixonante,” revela. Veralice explica que ao ler a obra kunderiana pôde compreender de forma profunda a ideia de jogo em Gadamer e descobrir como Milan Kundera transita entre o estético, o literário, o filosófico, o epistemológico.
Segundo a pesquisadora, tanto como romancista quanto teórico, é possível entender que a sua escrita é carregada de sentidos que transitam pelo existencial e o estético. “A vida conjugada à própria criação estética está presente o tempo inteiro nos textos.” E todos estes elementos puderam ser analisados a partir da figura do Dom Juan na obra, escolha de recorte feita por Veralice.
Para ver a entrevista completa, acesse o vídeo acima!