As doutorandas do Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade de Brasília, Nathália Coelho, Dayse Muniz e Leocádia Chaves foram as responsáveis por abrir o segundo dia do II Seminário Nacional de Epistemologia do Romance: o estético com espaço de entendimento humano, compondo a mesa de comunicações “o corpo e a palavra na gestação do texto literário: estudos sobre o não dito no processo feminino de criação.”
As estudantes trouxeram em seus trabalhos uma discussão sobre como a escrita pode ser um lugar de voz, de quebra de silenciamentos, memória e resistência para mulheres e transexuais, exemplificados em romances específicos. Nathália trabalhou a narrativa da jornalista e escritora Eliane Brum, Uma Duas (2011), Dayse trouxe reflexões sobre a obra metaficcional historiográfica de Bárbara Chase-Riboud e Leocádia explorou a autobiografia de Lotus Ádreon, “Meu corpo, minha prisão”.
por Nathália Coelho e Sara Lelis
No período da tarde, a mesa redonda coordenada pelo professor Dr. Itamar Rodrigues Paulino, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), revelou como a literatura pode revelar maneiras diversas de existência humana, marcadas pelo espaço geográfico da floresta Amazônica e rios dentro de um Brasil que negligencia tais realidades. Já sua orientanda Elian Karine Serrão da Silva abordou o lúdico como uma maneira de transgressão, com o trabalho “O Fobó mascarado como linguagem literária amazônida: um festejo real que suspende a realidade ou a densificação do imaginário!?”
Em seguida, a profa. Dra. Ana Helena Rossi ministrou o minicurso “Tradução: processos e procedimentos”, apresentando a tradução como um locus de produção de conhecimento. Na perspectiva da professora, a tradução relaciona-se com a epistemologia porque o trânsito entre as línguas e o trabalho com a linguagem ressignificam as categorias analíticas. O ofício do tradutor é intervir em uma dada linguagem e ressignificá-la de maneira contínua para recuperar os rastros da língua do Outro. Neste sentido, traduzir é uma tarefa epistemológica uma vez que, no processo de conhecimento do texto a ser traduzido, se constrói o sentido a partir dos significados próprios das palavras inscritas naquele universo. Um tradutor “traduz a linguagem que elabora um texto”, afirmou Ana Rossi.
O dia encerrou com a conferência do prof. Dr. Evaldo Sampaio, do departamento de Filosofia, intitulada “Filosofia é Literatura, Literatura é Filosofia?” Para o professor, filosofia não é literatura e literatura não é filosofia, isto é, ambas não se reduzem uma a outra. Segundo Platão, baseia-se Sampaio, há uma diferença fundamental entre a atividade filosófica e a atividade literária: a poesia reside no como se diz, e a filosofia trata-se do que se diz. “O que distingue filósofos de poetas é a maneira de viver dos dois”, defende o professor.
O II Seminário Nacional de Epistemologia do Romance está acontecendo no auditório do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte e segue até sexta-feira (09). Você pode se inscrever pelo site ou no próprio evento. Para acessar a programação clique aqui.