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Arte, educação, feminismo e Metafísica da Umbanda em discussão no quarto dia de Seminário

por Nathália Coelho e Sara Lelis

No quarto dia do II Seminário Nacional de Epistemologia do Romance: o estético como espaço de entendimento do humano, a mesa coordenada por Janara Soares, “Epistemologia e feminismos: transformações no estudo do romance”, articulou teoria e prática voltada para o pensamento feminista no romance. As comunicadoras Janara Soares, Fabiana Santos e Maxçuny Neves salientaram a voz feminina no romance literário nos âmbitos teórico, literário e social.

A pesquisadora Janara apresentou um recorte teórico das teorias feministas, afirmando sua multiplicidade e alertando o cuidado em cada uma de suas abordagens. Fabiana, manifestando diálogo com uma das propostas teóricas feministas apresentadas por Janara, analisou o romance 2666, de Roberto Bolaño. A mestranda  pergunta-se inicialmente: “como conjugar teóricos feministas e teóricos canônicos?”, em resposta aos tipos de violência feminina expostos na narrativa.

Encerrando a mesa, a professora e doutora Maxçuny Neves relatou seu trabalho social que dá voz às mulheres em um hospital psiquiátrico de Brasília.

Arte e educação foi o tema da mesa redonda “Arte e conhecimento: questões de formação do sujeito”, coordenada pela Prof. Dra. Ana Paula Caixeta, do departamento de artes visuais da UnB. O Prof. Dr. Luiz Carlos Pinheiro Ferreira apresentou a comunicação “Arte, conhecimento e escrita de si: mo(vi)mentos autobiográficos e (auto)formação do sujeito”.

O trabalho se originou de sua de tese de Doutorado, cujo o corpus de estudo foi o seu próprio processo existencial, de vivências e experiências que ajudaram a determinar o sujeito de hoje, dotado de escolhas próprias, afetos, memórias e que permanece em movimento sem perder de vista o passado e as perspectivas futuras. Como foi nomeado pelo professor, “um exercício de arqueologia de si.”

Já a apresentação da prof. Dra. Rosana Andréa Costa de Castro se intitulou “O ensino escolar e o sujeito histórico-cultural: possíveis contribuições da arte/educação”. A professora abordou as dificuldades implícitas no ensino de Educação artística, no que tange à conscientização dos alunos ao fato de a disciplina ser de suma importância para a compreensão do ser humano, enquanto um sujeito criador por excelência.

Para finalizar a mesa redonda, a Profa. Dra. Ana Paula Aparecida Caixeta fez uma comunicação apresentando apontamentos para uma estética epistemológica, a qual propõe uma educação à sensibilidade artística, que se intenta a lidar com as etapas processuais de entendimento e fruição da arte, de modo que a arte seja encarado como um campo para além do deleite.

Metafísica da Umbanda e Conferência de tradução

A quinta-feira (08) também foi dia de abrir o minicurso “Metafísica da Umbanda e pensamento mágico: aproximações”, ministrado desta vez pela Profa. Dra. Florence Dravet, da Universidade Católica de Brasília (UCB). Nesse primeiro momento, Dravet apresentou alguns aspectos da dinâmica de funcionamento da Umbanda, partindo dos princípios da Incerteza, da Impureza e do Inquietante. Todos eles pensados a partir da ideia de movimento, do contraditório, das possibilidades. A professora também explicou a importância do corpo e da oralidade para a manutenção e perpetuação da prática mesmo com as limitações impostas pelas relações de poder na sociedade. Além disso, relatou a hierarquia das divindades e entidades no processo de incorporação.

A última conferência do seminário, a cargo da profa. Dra. Ana Helena Rossi, intitulou-se “Tradução e arqueologia do saber: episteme”. Nesta apresentação a professora relacionou tradução e construção de saberes.

Rossi define a tradução a partir de uma jornada, isto é, um processo que compreende um conjunto de atos num âmbito metodológico ordenado e que se insere em um percurso analítico. Nessa perspectiva, elabora-se numa língua B um saber que foi expresso em uma língua A. Trata-se de um recorte do universo cultural A que é criado no universo cultural B e em que se faz essencial considerar  as condições histórico-culturais do texto, conversão essa intermediada pela tradução. “O que está em jogo é a construção e a identificação do saber”, afirmou. Para a professora, a tradução se configura como um processo epistemológico.